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Pesquisa e cálculo de lucros e gastos é fundamental para ter sucesso no ramo

Não existe milagre no franchising

É provável que você já tenha recebido o anúncio de alguma franquia enquanto navegava nas redes sociais.

E, em meio a likes, memes e emojis, também muito provavelmente chegou a fazer contas – se não no papel, ao menos mentalmente.

A oferta de franquias com baixo valor de investimento é abundante e não para de crescer.

Mas, antes de aplicar seu capital em uma marca, o empreendedor precisa prestar atenção a diversos aspectos que podem ser determinantes para o sucesso do negócio.

Antes de mais nada, saiba que os resultados colhidos são sempre proporcionais ao investimento de dinheiro e de tempo.

No franchising, promessas de grandes retornos com baixo investimento não se sustentam.

Por isso, tenha cuidado com a enxurrada de franquias em oferta, especialmente quando se tratar de franquias com baixo investimento.

Como em quase tudo na vida, no segmento de microfranquias existem marcas boas e ruins – embora neste nicho, é preciso frisar, existam mais marcas ruins do que boas.

Quando o assunto for dinheiro, não acredite em milagres – e muito menos espere que eles aconteçam justamente com você.

Saiba que, se você investir pouco, ganhará pouco. Se investir muito, a tendência é de ganhar mais.

Vamos a uma projeção: digamos que você invista R$ 90 mil em uma microfranquia e consiga um saldo mensal médio de R$ 3 mil, trabalhando de 10 a 15 horas por dia.

Neste caso, em um contrato de franchising de 60 meses, levará 30 meses – metade do prazo contratual – para recuperar o investimento.

Inclua esse cálculo na balança na hora de tomar uma decisão.

E, se analisar e avaliar que o faturamento e a rentabilidade oferecidas estiverem bons para você, entre no negócio de cabeça.

Até porque começar um empreendimento com uma microfranquia bem-escolhida é melhor do que iniciar um negócio do zero, que costuma ter riscos bem maiores.

Saiba que toda franqueadora necessita de segurança financeira para dar suporte aos franqueados.

Para evitar disputas entre os franqueados, marcas consistentes não barganham territórios e preços: os valores e percentuais são iguais para todos, em todos os itens, do fundo de propaganda ao fundo cooperado.

Franqueadoras que dão descontos precisam compensar esse valor de alguma forma.

E, geralmente, a compensação se dá na redução do suporte ao franqueado.

Assim, em vez de contar com o apoio constante de um consultor de campo, o empreendedor terá um suporte capenga.

Resultado: sua operação ficará abaixo dos concorrentes e até mesmo dos outros franqueados da rede.

Por isso, fuja de marcas com royalties fixos, muitos baixos ou com muitos descontos.

Para reduzir o risco de cair em uma cilada, procure redes com mais de 10 anos de existência.

Qualquer modelo de negócio tem um ciclo que precisa ser cumprido, desde o nascimento até a fase madura – quando o empreendedor, finalmente, colhe os frutos mais saborosos e rentáveis de todo o período.

Até que o negócio alcance esse estágio, porém, são necessários vários ajustes nos processos.

Em uma marca com mais de 10 anos, os fundadores já realizaram esse ciclo várias vezes, enfrentando – e superando – os obstáculos, construindo know-how e estabelecendo padrões e manuais de conduta e gestão que servirão como guias extremamente assertivos para os franqueados.

Já em uma marca jovem, poucas vezes se consegue realizar o ciclo do negócio completo.

Assim, não há muitas referências sobre o modo de agir diante dos obstáculos.

Além da longevidade da franquia, outro ponto a ser considerado é sua capilaridade.

Priorize franqueadoras com mais de 100 unidades.

Nesses casos, além do franqueador, muitas pessoas já experimentaram e aprovaram os serviços e produtos na condição de clientes.

Além disso, quanto mais franqueados a marca tiver, maiores serão royalties investidos em suporte e marketing, o que – em um círculo virtuoso – resulta em maior solidez para o modelo de negócio.

Para não errar, pesquise profundamente a reputação da marca em que pretende investir.

Mais do que conversar com os franqueadores, fale com franqueados – são eles que dirão o que acham da operação e poderão falar se a franquia é vantajosa para quem opera o negócio lá na ponta.

Para ajudar na avaliação, imprima o plano de negócios – parte da circular de oferta de franquia – e repasse os itens, um a um, com um franqueado.

Assim, você conseguirá saber se o que a franqueadora promete é real.

Por fim, uma última dica: por mais paradoxal que isso possa parecer, escolha o segmento onde irá atuar pelo potencial de sucesso da operação (e não por se tratar de uma atividade que você gosta).

Pesquise muito.

Descubra quais setores são mais resistentes às crises.

Atividades que sobrevivem às intempéries são garantia de operação muito mais sólida em tempos de calmaria.

Por Fernando Massi, sócia-fundador da OrthoDontic.

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